sexta-feira, 27 de junho de 2014

E aí ela caiu. E eu? Desabei!


Fiquei pensando se deveria escrever sobre isso, ou não. Comecei, parei. Depois, conversando com várias outras pessoas, mães, pais, avós e cuidadores, descobri que é algo “normal”, se assim posso dizer.
 
Bem, vamos lá: numa sexta-feira, pra ser mais exata, dia 30/05/2014, às 6h50 da manhã, a Angelina caiu.
 
Nós estávamos, como todos os dias, prontos para sair e começar nossa rotina. Deixo a Rafaela numa escola, sigo e deixo a Angelina em outra e depois vou trabalhar.
 
Eu estava com a Angelina no colo, já havia colocado as bolsas no carro, ouvindo o meu irmão que contava sobre a internação da minha vó, que minha mãe havia feito mais cedo (5h30!). Nesse meio tempo chamei minha sobrinha, como todos os dias, para não nos atrasarmos e mudei o passo.
 
Até agora eu não entendi muito bem como eu cai. Só lembro que meu pé torceu e eu não aguentei a dor e dobrei os joelhos caindo. A Angelina no meu colo foi indo para trás e faltou braço pra eu segura-la. Nisso, ela caiu do meu colo e bateu a cabeça. Pois é, ela bateu a cabeça que chegou “quicar” no chão.
 
O pânico foi instaurado em casa. O Arthur já pegou ela do chão, meu irmão veio lá de dentro pra ajudar a me levantar, a Rafaela perguntando o que tinha acontecido, eu e a Angelina chorando. Eu de desespero e ela de dor. Nisso, o Neil pegou ela do colo do Arthur e ela vomitou. Aí danou-se tudo! Meu irmão foi levar a Rafa pra escola e eu e o Arthur fomos para o hospital. No caminho, minha filha vomitou de novo e eu chorava mais ainda.
 
Ligamos para o pediatra para saber se ele estava de plantão e ele nos mandou encontra-lo no Pronto Atendimento da Unimed. Fomos pra lá e ele examinou o galo que fez na cabeça dela. A Angelina não queria saber de mim. Ela ficava no colo do Arthur e quando eu chamava, ela virava. Ela ficou “de mal, de mim”. Isso me fazia chorar ainda mais. Eu chorava por que ela tinha caído. Na minha cabeça eu sou a culpada por ela ter se machucado.
 
Depois do médico ter examinado, ele orientou que fosse feito uma tomografia. Enquanto aguardávamos os enfermeiros que nos levariam, eu conversava com a Angelina, pedindo desculpas e o Arthur ligou para o meu chefe e para a supervisora do RH, informando o motivo de eu não ir trabalhar.
 
Fomos levados para a Santa Casa para fazer tomografia. Fomos de ambulância. Algo que me surpreendeu, foi ela ficar quietinha para o exame. Se ela fosse agitada, o enfermeiro disse que teria que sedá-la. Ele colocou a Angelina na maca, a cobriu e “conversou” com ela. Ele disse: “o tio precisa que você fique quietinha, pra não precisar tomar remédio, certo?!” Os olhos dela acompanhando o que ele dizia, deram certeza que ela havia entendido. Colocaram um colete de chumbo em mim e foi feita a tomografia. Ela ficou prestando atenção no barulho da máquina, catando tudo com o olhar e quietinha. O exame foi feito e saímos dali para esperar o resultado e voltarmos para a Unimed. Foi rápido.
 
 
 
Quando retornamos à Unimed, o pediatra examinou e constatou que não havia sido nada grave, mas que ela ficaria em observação. Ficamos ali, nós três na enfermaria. Ela queria mamar e dormir. O médico liberou. Mamou tudo! Estava com fome, tadinha, depois de passar boa parte da manhã sem beliscar nada. Mais ou menos meia hora depois de ter mamado, vomitou. Avisamos o médico. Ele deu mais uma olhada nela e pediu para observarmos. Disse que podíamos deixa-la dormir.
 
Ela dormiu uns 30 minutos e acordou brava. Era quase 13h30 e o médico passou mais uma vez para examina-la. Acredito que a braveza dela, era por estar num ambiente desconhecido, sem as coisas dela, sem comida, só com a mamadeira. Poxa, ela estava tendo um dia difícil! Não dá pra sorrir o tempo todo. O médico a liberou, orientando que ela vomitasse novamente, era para voltarmos pro hospital e avisar para chama-lo.
 

Voltamos para casa e a sensação de incompetência ainda me dominava. Recebi durante o dia várias ligações para saber como a gente estava. A Sirlei, minha mãe branca falava pra eu ter calma. O Bulga, meu chefe, dizia pra eu ter calma. Até o presidente da empresa que trabalho, mandou eu ter calma. Todos repetiam que não era culpa minha. Mas, eu me sentia, na verdade, ainda me sinto, culpada pelo o que aconteceu.
 
Se desde a gestação eu já não estava mais usando salto, agora então que eles estão aposentados de vez! Acho que se eu estivesse com um salto 15, que eu gosto de usar, estaria ainda pior.
 
O Arthur disse que eu não derrubei a Angelina. Ele disse que nós caímos. Ainda não consegui interiorizar isso. Ouvi várias mães-amigas que me contaram que também derrubaram o filho quando era pequeno. Não me sinto melhor por isso, mas me fez olhar em volta (mais uma vez) e entender que não estou sozinha.
 
Algo que eu ouvi, quando ainda estava grávida, era que quando um filho nasce, com ele nasce a culpa na mãe. Acho injusto a gente se culpar tanto assim. Injusto com a gente mesmo. Culpa se está educando certo. Culpa se está fazendo o melhor. Culpa das más/boas companhias... e agora, eu tenho uma nova culpa. A de ter derrubado a minha filha. Ela caiu. E eu? Eu desabei...
 
 
PS: Minha vó passou o fim de semana internada e os médicos tentando descobrir o que era "uma dor do lado"... ainda está nos exames, no acompanhamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário